sábado, 2 de agosto de 2008

Infelizmente eu sou mais um

Além de eu não pedir para nascer, eu fui largado em um cesto de lixo em uma fria madrugada.
Será que meus supostos pais não pensaram que eu era um ser humano igual a eles, do mesmo sangue, mesma carne e filhos de um mesmo Pai.
Será que eu sou o primeiro, ou sou mais um na vida deles, largado em uma lata de lixo.
Pois bem, cresci e vivo por aí, na mesma fria madrugada e por ironia da vida, muitas pessoas acham que eu sou mais um lixo da cidade.
Também pudera, vivo remexendo as lixeiras, comendo resto dos mais favorecidos, implorando por um pedaço de pão nos faróis.
Muitos têm nojo do meu mau cheiro, outros me olham com ar de piedade, mas a maioria só olha e se enoja, não faz nada para me ajudar.
Sei que muitos “colegas” de rua se acomodam com essa vida, mas eu não.
Eu quero mudar, eu quero ter um teto, quer ter uma família. E não os largarei em um cesto de lixo, por aí.
Será que era esse o futuro que meus progenitores sonharam para mim?
Não sei, só espero que eles estejam felizes e não sejam para alguns, mais um apanhado de lixo, jogado pelos cantos da cidade.

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